quinta-feira, 26 de maio de 2016

Marilena

Meus contos malogrados começam com ela. Marilena. Tudo tem que ter um começo, e ela foi a primeira. Não era uma paixão de facto. Claro que não era, imbecil que escreve! Você e ela eram criancinhas, mas veja como você já estava desde pequeno propenso a só fazer merda e escolhas ferradas hoje e sempre...

Lembra-se, seu inútil? Lembra-se quando ela e a Paulínia te rodearam? Sim, você pequeno, rodeado por duas lindas criancinhas, ambas em sua inocência infantil, prometendo estar com você. Daí Paulínia te promete ficar com você e te proteger pro resto da vida de tudo e todos, e a Marilena te prometendo o que? Uma CAIXA DE CHOCOLATES. Uma mísera porção barata de açúcar em forma de bombons que inclusive você nem poderia comer à época por ser alérgico.

E o que você escolhe? Claro, a caixa de chocolates, porque fidelidade é o de menos, né, SEU MATERIALISTA DE MERDA? Um amor que dura uma caixa de chocolates, deve ter virado seu destino.

Enquanto vivíamos no mesmo prédio, aparentemente nada de errado havia até então. Até que me mudei daquele lugar para a mansão atual. Daí, pouco tempo após meu primeiro aniversário lá, alguns vieram mandar-me o recado:

"James, ela não te quer mais".

Chega-me a ser bizarro pensar que o relacionamento que mais durou na minha existência de contista infeliz que conta todos esses augúrios do coração foi um namorico infantil. Pouco mais de quatro anos. Daí pra frente a decadência dos dias, meses e anos se iniciaria, até meu status atual de resto de nada, ainda se passarão muitas águas.

P.S.: Nunca comi um bombom sequer da prometida caixa de chocolates.